domingo, 29 de janeiro de 2012

SOBRE A BANIÇÃO DAS SACOLAS PLÁSTICAS: PURO INTERESSE ECONÔMICO OU AVANÇO PARA A SUSTENTABILIDADE?

Rodou na internet um texto sem autoria com o título “SACOLAS PLÁSTICAS, o que há por trás do banimento”. Este texto é contra o fim das sacolas plásticas nos supermercados. Com argumentos bem seqüenciados tal texto leva o leitor desprovido de maiores informações a acreditar que está sendo enganado e lesado com esta mudança, desacreditando-o dos benefícios ambientais que tal medida adotada pelos supermercados causa. Abaixo seguirá uma contra-argumentação.

AS REDES DE SUPERMERCADOS NÃO OFERECENDO MAIS SACOLAS PLÁSTICAS DERIVADAS DO PETRÓLEO SÓ ESTÃO ALMEJANDO O LUCRO E DISFARÇANDO A VERDADEIRA INTENÇÃO COM UM DISCURSO AMBIENTALISTA?
Fato! As redes de supermercados a partir do dia 25 de janeiro de 2012, e todos os estabelecimentos comerciais de Araçatuba/SP a partir do dia 3 de maio de 2012, estarão impedidos de oferecer sacolas plásticas derivadas de petróleo para acomodação e transporte dos produtos pelos clientes. Com isso além de se isentarem do custo da sacola plástica antes oferecida gratuitamente ao cliente, agora ainda poderão lucrar com a venda de sacolas não descartáveis feitas de pano, lona ou papel ou com sacolas descartáveis feitas de amido ou papel.
Muito positivo para a redução de custos e para nova fonte de lucro para os mercados, mas é mesmo positivo, também, para o meio ambiente?
Continuar com sacolas descartáveis produzidas com material orgânico não é a melhor alternativa para o meio ambiente, pois requer um contínuo consumo de matéria prima e descarte, além da sinergia empregada nesse processo vicioso.
Já as sacolas não descartáveis, feitas a partir de materiais mais resistentes como pano, ou materiais que podem ser reciclados como fibras de PET, são compradas pelo consumidor apenas uma vez, servindo-lhe por várias vezes. Assim a energia utilizada para produzir uma sacola resistente e reutilizável é diversas vezes menor do que a energia utilizada para produzir diversas sacolas orgânicas descartáveis. Também a matéria prima de uma reutilizável é bem menor do que a de várias sacolas descartáveis que a reutilizável substituiu. Por conseqüência a quantidade de lixo também é muito menor. POR ISSO É MELHOR A SACOLA RESISTENTE E REUTILIZÁVEL POR MUITAS VEZES, FEITA COM MATERIAL RECICLÁVEL OU ORGÂNICO, DO QUE SACOLAS DESCARTÁVEIS ORGÂNICAS OU NÃO.

O QUE É CUSTO PARA O MERCADO PASSA A SER RECEITA?
Sim, passa a ser receita. Não é de se espantar que tais leis tenham sido incentivadas e recebidas com tanta euforia pelas grandes corporações. Mas ainda está na memória de muitas pessoas de que quando não existiam sacolas plásticas havia o costume de se levar sacolas de lona ou caixas de plástico que se comprava em algum lugar e duravam anos, ou ainda caixas de papelão que se aproveitava do próprio mercado ou que se tinha em casa. Não necessariamente os mercados só estão pensando no lucro. É mais lógico pensarmos que foi uma atitude boa para o meio ambiente e que veio a ser muito bom também para as lojas e mercados. Se todas as soluções para problemas ambientais tivessem esta vantagem econômica para o governo ou para as corporações, já não teríamos mais tais problemas. Burrice seria os mercados sabendo da necessidade ambiental e da vantagem econômica persistirem na não mudança de postura.

MAS SACOLAS PLÁSTICAS IMPÁCTAM MESMO O MEIO AMBIENTE?
Quem é acostumado a fazer trilhas por matas ciliares acha essa medida muito positiva, por mais que beneficie o bolso dos supermercados. Os rios são repletos de sacolas plásticas que são levadas pelo vento e pela chuva. Alguém já ouviu falar do mar de plástico no oceano pacífico? Veja a reportagem do fantástico neste link: http://www.youtube.com/watch?v=XwvYzmk-NjY 
Claro que ali não são sacolas apenas, mas boa parte dos pequenos fragmentos é de sacolas. O que se vê muito em córregos e rios também são descartáveis como garrafas PET, Long Neck, bandejas de isopor, isopor em geral e embalagens plásticas diversas. Outros materiais como latas de "folha de flandres” (como as latas de achocolatado ou estrato de tomate) também são muito observados, porém acabam degradando mais rapidamente e não se acumulam tão expressivamente como os demais citados.
O próximo passo é estender restrições e proibições para embalagens e recipientes que podem ser retornáveis como as de refrigerante, e não retroagir com a abolição das sacolas.
Só que no caso das garrafas retornáveis, essas possuem um ônus para as empresas, compensado para elas VENDER EMBUTIDO O RECIPIENTE DESCARTÁVEL. Seria ótimo se também fosse lucrativo para a empresa vender refrigerantes somente em garrafa retornável, assim como é lucrativo para os mercados venderem sacolas reutilizáveis invés de oferecer sacolas descartáveis. Conseguiríamos mudar facilmente esse processo não sustentável das garrafas PET descartáveis. Essa luta sim será difícil!

SACOS DE LIXO SÃO VIÁVEIS PARA A RECICLAGEM, SACOLAS PLÁSTICAS NÃO
Outro problema com as sacolas plásticas derivadas do petróleo é o de que elas têm sua reciclagem muito dificultada pelo incremento de aditivos que as tornam biodegradáveis ou oxi-biodegradáveis. Quando se recicla o plástico de sacolas e uma dessas sacolas aditivadas é inserida no material, todo o material reciclado fica prejudicado. Não há como ter um controle do que tem ou não tem aditivo. Logo reciclar sacolas se torna inviável. Já os sacos pretos utilizados para o lixo não levam tais aditivos e são 100% recicláveis. No aterro sanitário de Araçatuba este trabalho é realizado: o lixo vai para uma esteira e os trabalhadores da triagem cortam o saco, despejam o lixo na esteira e separam o saco para a reciclagem. O restante do lixo continua na esteira para a triagem, indo para o aterro somente o lixo não reciclável.

O FIM DAS SACOLINHAS NOS SUPERMERCADOS CAUSA DESEMPREGOS?
Algumas empresas reclamaram que tiveram perca de mais de 60% da produção com o fim das sacolas de supermercado. Por outro lado outras empresas e entidades que investiram em sacolas não descartáveis estão tendo recordes de venda, expandindo a linha de produção. O mercado é mesmo dinâmico e as fábricas especializadas em sacolas para mercados têm que se adequar e se reciclar!

ÚLTIMO ARGUMENTO POSSÍVEL!
Acabou a comodidade do consumidor! Poxa que pena, mas não basta apenas levantar bandeiras e apoiar discursos ecologicamente corretos. Já passamos desta faze. O momento agora é o de tomar atitude e mudar de postura na busca da sustentabilidade.

3 comentários:

  1. Sacolas plásticas oxi-biodegradáveis são 100% recicláveis, a informação inserida na postagem não é verídica, apenas as sacolas compostas feitas de amido de milho e outros alimentos precisam de um local adequado para se decompor. Os sacos de lixo também são feitos de derivados do petróleo, a diferença do saco de lixo para a sacola é que a sacola é distribuída "gratuitamente" e o saco de lixo precisa ser comprado.

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    1. Sr. Vanilton Santana, não faz diferença se, como você afirma, que as sacolas oxi-biodegradáveis são 100% recicláveis, pois é o processo da triagem que é inviável. Como pode reler na postagem, em nenhum momento foi dito que não é reciclável mas sim inviável pois não podem entrar na composição de materiais plásticos que não são e não devem ser oxi-biodegradáveis. Digo, uma sacola PEBD/PELBD com aditivos que a torna oxi-biodegradável que entra na linha de produção de reciclagem de PEBD/PELBD compromete a qualidade da matéria prima reciclada. Logo para reciclar sacola oxi-biodegradável só se voltar a ser outra oxi-biodegradável, mas o custo dessa triagem ficaria diversas vezes mais caro que a matéria prima virgem. Já o saco de lixo comum é viável pois é de fácil triagem.
      Também há muita controvérsias em relação ao processo oxi-biodegradação das sacolas derivadas do petróleo e com os aditivos que lhe conferem essa característica. Há estudos científicos que comprovaram que a sacola oxi-biodegradával não se degrada com tanta vantagem de uma sacola comum, o que acontece na verdade é que ela se fragmenta em milhares de pequenos pedaços. Estes minúsculos pedaços não são tão mais degradáveis que o material das sacolas comuns. Pessoalmente eu não sei se tais minúsculos pedaços podem ou não ser prejudiciais ao meio ambiente e cadeia alimentar. Acredito que em grande quantidade pode causar algum problema, mas isso é coisa que eu acho, nunca vi um estudo científico sobre esse ponto específico dos oxi-biodegradáveis à petróleo.

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  2. Sr. Vanilton Santana, não faz diferença se, como você afirma, que as sacolas oxi-biodegradáveis são 100% recicláveis, pois é o processo da triagem que é inviável. Como pode reler na postagem, em nenhum momento foi dito que não é reciclável mas sim inviável pois não podem entrar na composição de materiais plásticos que não são e não devem ser oxi-biodegradáveis. Digo, uma sacola PEBD/PELBD com aditivos que a torna oxi-biodegradável que entra na linha de produção de reciclagem de PEBD/PELBD compromete a qualidade da matéria prima reciclada. Logo para reciclar sacola oxi-biodegradável só se voltar a ser outra oxi-biodegradável, mas o custo dessa triagem ficaria diversas vezes mais caro que a matéria prima virgem. Já o saco de lixo comum é viável pois é de fácil triagem.
    Também há muita controvérsias em relação ao processo oxi-biodegradação das sacolas derivadas do petróleo e com os aditivos que lhe conferem essa característica. Há estudos científicos que comprovaram que a sacola oxi-biodegradával não se degrada com tanta vantagem de uma sacola comum, o que acontece na verdade é que ela se fragmenta em milhares de pequenos pedaços. Estes minúsculos pedaços não são tão mais degradáveis que o material das sacolas comuns. Pessoalmente eu não sei se tais minúsculos pedaços podem ou não ser prejudiciais ao meio ambiente e cadeia alimentar. Acredito que em grande quantidade pode causar algum problema, mas isso é coisa que eu acho, nunca vi um estudo científico sobre esse ponto específico dos oxi-biodegradáveis à petróleo.

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